Sociedade simples pura: o que todo escritório de contabilidade precisa saber

Descomplicando o que parece simples demais para ser verdade

Dizem por aí que brasileiro adora complicar o que nasceu pra ser fácil. E a “sociedade simples pura” é a prova cabal dessa tese.

Aposto uma assinatura do Netflix vencida que, se você joga essa expressão na mesa de um escritório de contabilidade, metade vai fingir que sabe (“ah sim, claro, aquele tipo de sociedade bem… simples”) e a outra metade vai buscar a resposta no Google, torcendo pra ninguém pedir detalhes.

Mas calma, contador de guerra. Antes de você considerar largar tudo e virar coach de mindfulness em Trancoso, te convido pra um passeio pelo maravilhoso — e subestimado — universo da sociedade simples pura.

O que é, afinal, essa tal de sociedade simples pura?

Parece nome de condomínio onde só mora coach e vegano, mas não. Ela é, basicamente, a “versão raiz” das sociedades no Brasil.

É o oposto daquela confusão frenética das sociedades empresariais: sem firula, sem ação na bolsa, sem organograma digno de multinacional.

Na essência, a sociedade simples pura é formada por pessoas físicas que exercem atividade intelectual, científica, literária ou artística em conjunto. Sabe aquele consultório de dentistas que dividem a sala, os boletos e a má vontade de clientes que não escovam os dentes?

Médicos, advogados, psicólogos, contadores — o pessoal que vende cérebro, não produto. E, atenção: nem toda sociedade simples é pura.

Mas a pura é sempre simples. Parece charada de vestibular, mas é só legislação querendo se fazer de engraçada.

Sociedade simples pura x sociedade empresária

Aqui começa a diversão. Porque, se tem uma coisa que o contador odeia, é cliente dizendo: “Sociedade é tudo igual, né?” Não, meu caro.

Sociedade simples pura e sociedade empresária têm menos em comum do que a agenda de férias do Faustão e a sua.

E aqui, caro leitor, entra a primeira grande dor de cabeça do escritório de contabilidade: explicar, pela milésima vez, por que um consultório odontológico não pode ser uma limitada igual a padaria do Zé.

Esse modelo não tem obrigação de registro na Junta Comercial. Sabe onde ela registra a vida? No Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas.

Exatamente: aquele lugar onde o tempo passa diferente e a fila é eterna desde 1954. Já a empresária vai para a Junta, quer crescer, se endividar, sonha em abrir filial na Flórida e investir em Bitcoin (spoiler: não vai dar certo).

A pura, não. Ela só quer paz, atender cliente e pagar menos imposto possível.

Como funciona na prática?

Primeiro, entenda: não existe CNPJ sem labirinto. Mas a sociedade simples pura quase consegue ser uma trilha de caminhada na USP num domingo ensolarado.

O contrato social define tudo: capital, participação, responsabilidade, quem lava a louça (brincadeira, mas podia).

A responsabilidade dos sócios geralmente é ilimitada — o que já é motivo suficiente pra você nunca ser sócio do seu cunhado.

O modelo é flexível: pode ser pura pura, ou mista (simples de um lado, empresária de outro. Mas a pura pura… ah, essa é quase uma entidade: só faz o que ama e não se mete com atividade empresarial.

E, veja bem, contador: não tente inventar moda, pois a Receita não perdoa improviso.

As vantagens que ninguém fala

Aqui começa o ouro da mina — aquele ponto em que você, contador, pode bancar o guru das soluções simples e ganhar a gratidão (e os honorários) dos clientes. A sociedade simples pura tem menos burocracia.

Não precisa seguir aquele monte de normas empresariais malucas. Pode distribuir lucros, organizar o caixa, definir pró-labore e dormir tranquilo sem medo de fiscal da Junta Comercial batendo na porta às 7h.

Outra coisa: o contrato social da sociedade simples pura é como playlist personalizada no Spotify.

Dá pra negociar quase tudo, definir regras próprias, inventar cláusulas (respeitando a lei, tá?). É autonomia de verdade. Só não vale inventar moda demais e, do nada, criar uma “sociedade simples pura tech unicorn” porque o Google Docs disse que ia dar certo.

O pulo do gato na gestão contábil

Sim, o escritório de contabilidade pode (e deve) usar a sociedade simples pura como argumento de venda.

Sabe aquele cliente que não quer gastar com estrutura empresarial, mas também não quer cair no MEI porque tem pavor de limite de faturamento?

A sociedade simples pura é o caminho do meio: nem informal, nem empresário de rooftop.

Agora, não caia no conto de que é tudo zen. A sociedade simples pura tem suas armadilhas. Como não tem personalidade empresarial, pode sofrer mais na hora de pegar crédito, abrir conta PJ em banco chiquerérrimo, ou dar aquela carteirada em reunião de negócios.

Mas, olha só: para a imensa maioria dos profissionais liberais, isso nunca vai ser problema. Eles querem mesmo é pagar o carnê do INSS e atender cliente fiel — o resto é detalhe.

Quando a sociedade simples pura é um erro fatal

Nem tudo é calmaria, e aqui vem o aviso de utilidade pública. Sociedade simples pura não serve pra quem quer crescer feito youtuber em crise de autoestima.

Se o cliente planeja contratar funcionários, abrir filiais, negociar com fornecedores gigantes ou captar recursos de investidores, esqueça: vai ter que migrar pra sociedade empresária, onde a brincadeira é outra.

E tem mais: algumas atividades nem podem ser sociedade simples pura, mesmo que o cliente ache que sim.

Por isso, todo contador precisa conhecer bem o perfil do cliente antes de sugerir o formato.

Senão, vai acabar montando sociedade simples pura de gente que quer abrir bar, vender cerveja artesanal e, na prática, está só atrasando o próximo problema contábil.

Resumindo pra você não esquecer

Se você chegou até aqui e não dormiu, parabéns. Vou resumir: sociedade simples pura é o modelo perfeito para profissionais liberais que só querem exercer suas atividades intelectuais sem dor de cabeça.

Burocracia reduzida, flexibilidade, simplicidade e economia — mas sem jamais esquecer dos limites que a lei impõe. Contador bem informado ganha cliente e evita dor de cabeça no futuro.

Agora, não tente reinventar a roda: antes de abrir uma sociedade simples pura, analise o perfil do cliente, converse, explique, tire todas as dúvidas. E, se sobrar alguma dúvida, joga a bola pra agência.

Se você é contador e quer se posicionar como autoridade, não invente moda: entre em contato com o Meu Marketing Contábil.

Aqui a gente descomplica até o que nasceu complicado. Deixe a burocracia com a gente e foque no que você faz de melhor: transformar clientes perdidos em empresários informados.

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