Como cobrar honorários no seu escritório de contabilidade sem virar refém

Saber como cobrar honorários é provavelmente a diferença entre ser um contador próspero e ser aquele profissional que nunca consegue fazer as próprias contas fecharem
Como cobrar honorários no seu escritório de contabilidade sem virar refém

Saber como cobrar honorários é provavelmente a diferença entre ser um contador próspero e ser aquele profissional que explica números para os outros mas nunca consegue fazer as próprias contas fecharem. Parece contraditório? É mesmo.

Mas vamos começar pelo começo: você já parou para pensar por que diabos existe gente cobrando R$ 200 por uma contabilidade completa enquanto outros faturam R$ 3 mil pelo mesmo serviço?

A resposta está na arte quase perdida de como cobrar honorários de forma inteligente, ética e, principalmente, rentável.

E se você acha que isso é só uma questão de “aumentar o preço”, prepare-se para uma pequena jornada pelo submundo da precificação contábil brasileira.

O que a ética e a lei dizem sobre como cobrar honorários

Antes de qualquer coisa, vamos ao que realmente importa: o que diabos você pode ou não pode fazer na hora de definir seus preços.

O Conselho Federal de Contabilidade não está brincando quando fala sobre aviltamento de honorários. Traduzindo para o português claro: você não pode sair por aí oferecendo serviços por preços que desvalorizem a profissão inteira.

É como se fosse um acordo tácito entre profissionais civilizados: “olha, pessoal, vamos manter um nível mínimo de dignidade aqui”. Mas como saber qual é esse nível mínimo na prática?

O CFC orienta que toda proposta deve especificar serviços, método, valor, benefícios, duração e limitações.

Isso significa que aquela conversa de botequim onde você fala “ah, fazemos tudo por X reais” não cola mais. O mercado evoluiu, e como cobrar honorários virou uma questão técnica.

As tabelas referenciais: seus novos melhores amigos

Aqui entra uma das partes mais interessantes da história. Existem tabelas referenciais que funcionam como uma espécie de GPS para quem não quer se perder na selva da precificação.

A ASSCON tem uma tabela nacional 2025 que lista valores por serviço. A FECONTESC inclui “hora técnica” para assessoria. O Sicontiba tem uma planilha com reajuste de 4,83% sobre 2023.

Mas atenção: essas tabelas são referências de piso, não de teto. É como o salário mínimo: ninguém te impede de ganhar mais, mas não deveria ganhar menos.

Usar essas referências é uma forma elegante de ancorar suas negociações sem parecer que você tirou os números de um chapéu.

Modelos de precificação que realmente funcionam

O pacote fechado: clareza total

Imagine que você está vendendo um combo no McDonald’s. Todo mundo sabe exatamente o que vem: hambúrguer, batata e refrigerante. Acabou. Quer mais alguma coisa? Paga extra. O modelo de como cobrar honorários por pacote funciona exatamente assim.

Você define um escopo fechado: fiscal + contábil + departamento pessoal, por exemplo. Tudo que não está explicitamente incluso vira item extra.

Consultorias, retificações, obrigações não usuais? Tudo fora do pacote básico. É transparente, previsível e elimina aquelas conversas desagradáveis no meio do mês.

Hora técnica + franquia: o híbrido inteligente

Este é para quem gosta de sofisticação. Você cobra uma mensalidade que inclui X horas de trabalho. Passou disso? Cada hora extra é cobrada pela sua tabela interna de hora técnica. É como um plano de celular: você tem uma franquia, mas pode usar mais se precisar (e pagar por isso).

Por porte e complexidade: a personalização necessária

Cobrar igual para uma padaria e para uma multinacional é como cobrar o mesmo preço por um Fusca e por uma Ferrari. Ambos têm quatro rodas e te levam de um lugar para outro, mas a complexidade é ligeiramente diferente.

Variáveis que importam: regime tributário, número de notas fiscais por mês, quantidade de funcionários, filiais, sistemas integrados, risco do setor. Um escritório que atende só restaurantes tem uma vida muito mais complicada que um que atende apenas consultórios médicos.

Cobrando pelo impacto

Esta é a cereja do bolo da discussão sobre como cobrar honorários. Para consultorias estratégicas, planejamento tributário avançado ou BPO financeiro, você cobra pelo valor que entrega ao cliente, não apenas pelo tempo gasto.

Se sua consultoria economiza R$ 50 mil em impostos para o cliente, cobrar R$ 5 mil pelo trabalho não é absurdo. É matemática básica: o cliente ainda economiza R$ 45 mil e você recebe o que merece pelo conhecimento especializado.

A fórmula prática para começar hoje

Preço mensal = (Custo direto + Rateio de custos fixos + Margem desejada) × Complexidade × Risco × Valor percebido.

Parece complicado, mas é mais simples do que calcular o Imposto de Renda de uma multinacional. O segredo está em mapear todos os custos reais antes de aplicar qualquer margem.

Isso inclui não apenas o salário do contador, mas também o software, a internet, o aluguel proporcional, a formação continuada, e até mesmo aquele cafezinho que mantém todo mundo acordado durante a maratona de obrigações acessórias.

O que não pode faltar no seu contrato

Escopo detalhado e SLA

Lembra do combo do McDonald’s? Aqui é a mesma lógica. O que está incluso, o que não está, e em quanto tempo será entregue. Sem ambiguidades, sem “ah, mas eu pensei que isso estava incluso”.

Reajuste automático

O Brasil tem inflação, cara. Se você não indexa seus contratos ao IPCA-E ou outro índice decente, está literalmente perdendo dinheiro todo mês. As tabelas referenciais de 2025 já usam esse critério, então não há desculpa para não acompanhar.

Critérios para cobrança extra

Mais de X notas fiscais por mês? Cobrança extra. Folha de pagamento acima do combinado? Cobrança extra. Obrigação acessória extraordinária? Cobrança extra. Urgência que exige trabalho no final de semana? Cobrança extra (e cara).

Os três níveis de como cobrar honorários na prática

Entrada: o básico bem feito

Simples Nacional pequeno, baixa emissão de notas, poucos funcionários. Pacote básico com franquia definida. É o seu “produto de entrada”, que atrai clientes mas não pode dar prejuízo.

Intermediário: o padrão que sustenta

Simples Nacional maior ou Lucro Presumido, emissão média, uma ou duas filiais. Aqui você já inclui algumas consultorias trimestrais e um atendimento mais próximo. É onde a mágica acontece: clientes que pagam bem e não dão muito trabalho.

Premium: onde mora o lucro

Lucro Presumido complexo ou Lucro Real, alto risco, múltiplas filiais. Aqui entra BPO financeiro, indicadores gerenciais, reuniões mensais como CFO terceirizado. É como cobrar honorários de verdade: pelo conhecimento, pela responsabilidade e pelo valor estratégico.

Os erros que destroem sua margem

Cobrar igual para clientes completamente diferentes é como usar a mesma receita para fazer brigadeiro e risotto. Pode até dar certo, mas provavelmente vai ficar uma coisa estranha.

Não indexar reajuste anual é basicamente fazer uma doação para a inflação brasileira. E todos sabemos como ela é grata por essas gentilezas.

Misturar projeto com mensalidade é a receita perfeita para trabalhar de graça. Planejamento tributário, abertura de empresa, recuperação fiscal são projetos únicos que merecem precificação específica.

Proposta sem limites de escopo vira aquela situação desagradável onde o cliente acha que “tudo está incluso” e você vira refém da própria generosidade inicial.

Por que aprender como cobrar honorários é urgente

O mercado contábil está se sofisticando rapidamente. Clientes estão dispostos a pagar mais por qualidade, mas apenas se você souber comunicar e precificar adequadamente esse valor. Continuar cobrando como se fosse 2010 é uma forma criativa de falir lentamente.

E aqui está a ironia final: os contadores que melhor sabem como cobrar honorários são, invariavelmente, aqueles que conseguem oferecer o melhor serviço. Porque margem adequada permite investimento em tecnologia, capacitação e equipe.

É um ciclo virtuoso que começa com uma decisão simples: parar de trabalhar de graça disfarçado de generosidade profissional.

Hora de colocar a casa em ordem

Definir como cobrar honorários adequadamente não é ganância, é sobrevivência profissional. Em um mercado onde a digitalização está mudando tudo, quem não souber precificar corretamente vai virar dinossauro rapidamente.

A boa notícia é que você tem todas as ferramentas necessárias: tabelas referenciais, orientações do CFC, modelos de precificação testados e aprovados. Falta apenas a coragem de aplicar.

E se ainda está com dúvidas sobre como implementar essas estratégias no seu escritório, que tal conversar com quem entende tanto de números quanto de marketing para contadores?

Entre em contato com um de nossos especialistas do Meu Marketing Contábil e descubra como transformar sua precificação em uma vantagem competitiva real.

Porque no final das contas, não adianta ser bom no que faz se ninguém souber disso ou se você não conseguir cobrar adequadamente por essa competência.

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